sábado, 11 de fevereiro de 2012

Defensoria Pública aderiu ao projeto ''Pipoca Vip''e coloca os foliões do Camarote Salvador na rua



A Defensoria Pública da União da Bahia entrou com Ação Civil Pública, pedindo o embargo e a supressão da estrutura já montada do Camarote Salvador, na área da Praça de Ondina, no final do circuito Dodô, famoso no carnaval baiano. A ação foi apresentada na sexta-feira (10/2). A entidade reclama de possíveis irregularidades no processo de licitação e no contrato, realizado ao final de 2010, entre a empresa Premium e a Superintendência de Ordenamento do Uso do Solo (Sucom), autarquia municipal.
Segundo o defensor federal João Paulo Lordelo, que acompanha o caso, há irregularidades no processo de licitação e no contrato, realizado ao final de 2010. Conforme o defensor “dos 9.837 m² licitados pela municipalidade, cerca de 65% da área são de propriedade da União, o que revela a manifesta incompetência administrativa da Sucom em licitar e o vício no objeto do certame”.
Ele disse que em fevereiro do ano passado, a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) realizou vistoria no local e identificou a construção e a instalação de equipamentos em terrenos da União. A inspeção resultou em um auto de infração, que foi cancelado administrativamente dias depois. “A empresa requereu permissão de uso temporário da área da União irregularmente licitada, de forma que a SPU considerasse o terreno como se fosse de titularidade do município de Salvador. A SPU, sem realizar qualquer tipo de licitação, concedeu a permissão de uso para o Carnaval de 2011”.
Além do pagamento de R$ 1 milhão à Prefeitura de Salvador para erguer o camarote na praça, a empresa se comprometeu a realizar benfeitorias no local. A praça foi entregue em agosto de 2011, com novo calçamento, barracas e estruturas removíveis, de forma a facilitar a montagem do camarote pelo período de cinco anos firmados no acordo.
De acordo com a SPU “há dois meses, um termo precário foi assinado entre a Sucom e a produtora autorizando o início da montagem do empreendimento para este ano. Novamente a SPU permitiu o uso do espaço da União para a instalação das estruturas durante os festejos, que já se iniciam na próxima quinta-feira (16).  Os valores comercializados pelas camisas que dão direito a um dia de festa variam entre R$ 600,00 e R$ 1.500,00 reais, a depender do dia escolhido”.
No pedido, motivado após denúncias de setores da sociedade civil, a DPU/BA solicita, em caráter liminar, a restituição da área pública ao uso comum do povo e a remoção imediata da estrutura construída, sob pena de multa diária de R$ 200 mil reais. “No período da festa, a praça pública costumava ser frequentada por trabalhadores, catadores de lata e todos os demais cidadãos. A área utilizada deveria estar disponível à população de baixa renda, que disputa espaços no Carnaval da Bahia”, concluiu o defensor.
Em nota assinada pela KRP Relações Públicas, que representa a Premium Produções, os responsáveis pelo Camarote Salvador alegam que o advogado João Paulo Lordelo, da Defensoria Pública da União da Bahia (DPU/BA), não tem “legitimidade” para propor ação civil pública com requerimento de liminar contra o funcionamento do camarote.
A KPR alega que venceu a licitação aberta pela prefeitura de forma regular e instalou o equipamento em espaço “até então degradado, onde proliferava o crime, no bairro de Ondina”. Diz que graças à licitação o “Camarote Salvador não somente edificou uma praça para uso da população, com aparelhos modernos, de que outras praças não dispõem, mas também assumiu o pagamento de R$ 1 milhão em favor do patrimônio público”.
A Premium teria gasto cerca de R$ 3 milhões para promover o carnaval da Bahia e também diz ter obtido da Superintendência do Patrimônio da União,  permissão para uso da área de marinha para o Carnaval. “Para tanto, já remunerou a União com aproximadamente R$ 250 mil”.
No último 14 de janeiro, cerca de mil manifestantes do movimento Desocupa Salvador promoveram uma manifestação em frente ao camarote para protestar contra o que chamam de privatização do espaço público. O ato foi realizado mesmo depois da juíza Lisbete Maria Almeida, da 7ª Vara da Fazenda Pública, conceder liminar a Premium Produções, Criações Artísticas e Eventos Ltda., proibindo a manifestação.

Fonte: A Tarde Online 

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